sexta-feira, julho 30, 2010

I've been crushing the symptoms but I can't locate the cause


Não consigo viver assim... não com a tua ausência, o teu silêncio, o teu impasse... a minha ansiedade. Não quero mais isto, não preciso disto, não tenho necessidade de me sentir assim... não quero mais...
Ele ouvia as palavras e assimilava-as, como lâminas.
Sim, ela não precisava disto, não tinha necessidade de se sentir assim. Mas ele também não.
Em cada palavra dela, ele se reflectia e reflectia... a ausência, o silêncio e o impasse salvaguardam-me da dor que não quero sentir, mas que gostava... mas não posso, não devo... a ansiedade é a mesma. Eu quero isto, mas não posso ter. Eu preciso disto, mas não posso sentir essa falta, essa necessidade de me sentir assim. Eu não quero sentir a falta, a impossibilidade...
Nenhuma palavra saíu da boca dele. Ele ouviu em silêncio e em silêncio desligou o seu contacto do mundo, para digerir a situação e ficar... apenas ficar... até a respiração voltar ao ritmo normal... e ele também!
Levantou-se e foi trabalhar...
...nada mais há para além disso, para mim...

segunda-feira, julho 26, 2010

If you want it, here it is... come and get it. Make your mind up fast...


Tenho esperado por ti... tenho esperado demasiado de ti...
Como um vício, corróis-me, sinto-te a falta, o aperto, a agonia e a dor... E como dói! E como me tinha esquecido de que doía...
Deixo-te mensagens metafóricas numa parede abandonada, na esperança de que as vejas e te reconheças nelas. Mas tu não as vês...
Eu sou a parede... sinto-me a parede, sinto a parede... fria e áspera.
Espero há demasiado tempo que saias dessa tua concha, que abandones as justificações, as desculpas e as ilusões.
Espero há demasiado tempo que me toques, que me consigas arrebatar, que me consigas ver, efectivamente, por tudo aquilo que realmente sou...
Espero há demasiado tempo que faças sentido... que o sentido que fazes se justifique, se explique, me explique...
E não quero mais sentir isto... porque dói.
E eu... bem, eu fujo da dor...
(Serei apenas parede, se me deixares...)

terça-feira, julho 20, 2010

She's on the dark side... Neutralize...


Há uma altura para nos conhecermos, outra para nos reconhecermos, ainda para nos repulsarmos e, de novo, nos ligarmos.
Tu não sabes viver contigo próprio. Nunca soubeste.
Vale o mérito pelo esforço que tens tido. Mas... quando a barreira cai, revelas-te em sentimentos tão defensivos que eliminas tudo o que tenta alcançar-te na área circundante... Essa defesa é um ataque tão inapropriado que te esqueces do outro lado, noutros lados...
Eu ouvi, rebati, tentei tocar-te, mas não consegui...
Então, fechei a janela e deixei-me estar sossegada num canto, bem escuro, bem despercebida, bem invisível... e assim tenciono ficar até parar de doer...

quarta-feira, julho 14, 2010

i´ve been thinking about you, baby, almoust makes me crazy


Naquele espaço quase abandonado, sentaram-se frente a frente, de pernas cruzadas, como em crianças.
O cheiro a maresia inundava os sentidos e o mar revolto arrepiava a pele.
Mantiveram-se em silêncio... e mais silêncio...
A respiração tornou-se mais forte... e mais calma...
Primeiro, os olhos centraram-se no cruzar de pernas. Correram as dobras das calças de ganga, as curvas, o desgaste. Pararam, num momento, nas mãos que, traindo o nervosismo, teimavam em entrelaçar os fios pendentes das calças desgastadas ou, de outra forma, apertavam um ou outro dedo das próprias mãos...
Os olhos detiveram-se no peito, no pescoço... O coração disparou e, depois, quase asfixiou, numa paragem tão longa que parecia que nunca mais iria retomar a sua palpitação normal.
O queixo, a face, os olhos... os fios de cabelos voavam e entrelaçavam-se, tapando o rosto levemente... depois, destapando-o, desvendando-o...
Os olhos cruzaram-se e fixaram-se.
Esboçaram-se sorrisos, revelando uma inocência quase saudável, quase falsa, quase insana, ingénuos no seu real desejo.
Desviaram-se olhares e remeteram-se para o horizonte, bem longe.
No horizonte estavam eles, abraçados, encostados, desafiando as leis da realidade, em abismos de suor e beijos.
Na realidade, alguém tomou a iniciativa e agarrou, devagar, a outra mão...

terça-feira, julho 13, 2010

you're leaving... before my time


Num momento irreflectido, quis dizer-te tanta coisa…
Pensei o quanto poderias ter entrado na minha vida há uns anos, o quanto teria sido diferente para ambos, numa realidade paralela a esta.
Pensei na partilha, na necessidade, no vício…
Pensei na vontade imensurável de querer falar contigo… de tu falares comigo.
Como tu dizes, não temos maldade, mas temos sinceridade, pelo menos, um com o outro.
É aqui que volto ao pensamento inicial e abandono essa ideia. Ainda bem que nos estamos a “reconhecer” agora. Estes anos foram muito plenos para nós, para mudarmos, amadurecermos, passarmos por situações que nos tornaram nestas pessoas que somos hoje. Nestas pessoas que gostam de falar uma com a outra. Nestas pessoas que se preenchem.
Então, apesar de karmas e de barreiras, este é o nosso tempo. É o tempo da descoberta, é o tempo da atracção, é o tempo do desejo, é o tempo do conhecimento e da constatação.
Este é o nosso tempo. Adaptar-nos-emos a ele…

terça-feira, julho 06, 2010

time can bring you down


Há dias assim... sempre os houve!
Em qualquer espaço, em qualquer tempo, com toda e qualquer pessoa... Há dias assim...
São dias em que espero que surjas, na porta, e que me leves para qualquer lugar.
Dias em que aguardo que me agarres pela cintura e me desfaças o coração.
Dias em que anseio que me encostes ao banco... e que não digas nada. Apenas sejas quem tu és... apenas me deixes ser quem sou...
E ao toque de um primeiro beijo, o arrepio profundo de um gume de uma lâmina gelada a escorregar pelas minhas costas...
E o sempre... porque é esse o sabor do sempre...
...porque sempre que olhar para ti, sempre que te tocar, sempre que te pensar ou que te sonhar... vou sentir essa lâmina novamente...
E isso... isso é bom...