terça-feira, setembro 28, 2010

But how many times can I walk away and wish "If only..."



De todas as vezes que te vejo chegar apetece-me cheirar-te, tocar-te, beijar-te...
De todas as vezes que te vejo afastar apetece-me correr atrás de ti e agarrar-te e nunca mais te largar...

Penso em como te queria perto de mim, aqui, agora, sempre, para sempre... o teu toque, o teu cheiro, o teu corpo, a tua voz, a tua presença efectiva neste pedaço de mim que é teu, que és tu, que somos nós, por partes, mas que eu queria por inteiro...

E deixo-te sempre fugir...

He's like the dark, but I'd want him



Durante muito tempo pensei não haver esperança para o belo que possa existir dentro do ser humano, sentimentos e sensações, abstraccionismos não comprovados.
A necessidade de absorver o máximo de realidade fez com que as coisas se revelassem aos meus olhos de maneira bastante básica e a evolução humana não deveria ir nesse sentido.
O riso evita a dor e tem tendência a disfarçá-la. Quanto menos se sentir, menos dor, menos riso forçado. Básico e lógico!
Naquele dia, enquanto apanhava o sol matinal sentada na longa escadaria do museu da cidade, apareceste tu e fizeste sombra, obrigando-me a abrir os olhos e levantá-los na tua direccção. Sorrias. Sentaste-te no degrau acima do meu, contornando-me com as tuas pernas. Senti o calor do teu corpo a chegar às minhas costas e cedi... Encostei a minha cabeça no teu peito.
Perguntaste-me se magoava assim tanto e eu respondi que sim... mas que te deixasses estar... Era uma dor com a qual viveria cada dia da minha vida... se ela assim o permitisse...
E tu limitaste-te a dizer que a vida usa estradas duvidosas para chegar a locais estranhos...

Como sabes já não sei fugir...



Ao longe, no cais, ela acenou-lhe. Lá estava ele, ao fim de 3 anos, mais velho, mais rugoso, mas com o mesmo charme.
A mão dele respondeu ao seu aceno e foi com um sorriso nos lábios que ela o recebeu e ele devolveu-lhe o sorriso.
Ele largou os sacos e abraçou-a como se não a quisesse largar mais, como fizera outrora. O mesmo abraço, a mesma força, o mesmo poder sobre ela.
Delicadamente, ela afastou-se e questionou-o sobre a viagem, os países, o retiro, o mundo... deixou-o falar, e falar, e falar... mas o assunto em demasia esgota depressa quando os reais interesses estão retidos pelo olhar...
Caminharam lado a lado, evitando o toque. As palavras deslizavam serenamente, passando momento a momento dos 3 anos que passaram. Inevitavelmente, chegaram ao dia da partida...
Algum silêncio ocupou o ar e o espaço que preenchiam. Pararam e sentaram-se numa pedra do cais, a olhar o rio e a foz...
Ela recordou o dia da partida, sem pronunciar uma palavra. Recordou a sua insistência para que ele fosse, o desprender doloroso, o riso forçado e o adeus lacrimoso disfarçado por entre o seu negro cabelo.
Ele recordava também aquele dia de Inverno, a entrada no barco, o desprender... recordava-se do rosto dela e de como não percebia se eram lágrimas ou chuva que lhe escorriam pelas faces. Soubesse ele a certeza das lágrimas e teria abandonado o barco no momento... Mas isso não aconteceu. Ela insistira tanto na sua partida que quase parecia que desejava a ruptura...
O silêncio ficou pesado e ele pegou-lhe na mão.
Ela levantou os olhos na direcção das duas mãos presas e abandonou a pedra...
A alegria por tê-lo ali ao pé de si era apagada pela memória da sua partida.
Ainda bem que ele ali estava, mas, agora, era ela que tinha de partir...