terça-feira, outubro 21, 2008

abriste a janela e voaste...


Não és tu quem eu escolheria para passar o resto da minha vida, se pudesse escolher.
Não existias em mim quando fiz uma escolha que pensei acertada, numa certa altura da minha vida.
Mas és tu, num espaço paralelo, quem habita esse espaço da minha vida, e sinto-o e sinto-te... quando me apertas a mão, enquanto adormeces à minha guarda... quando me abraças e, sem o saberes, proteges mais do que do frio... quando rimos e concordamos com o divertimento surreal que tiramos das coisas simples... porque somos extraordinários juntos e poderíamos ser melhores, libertando luz suficiente para envergonhar e cegar quem nos visse...
E tentei despedir-me de ti, afastar-te, assustar-te, mostrar-te que éramos impossíveis juntos, que não nos acreditava...
...mas como me convenço de algo em que não acredito?...

is it something so good just can't function no more?


Sei que não é a mim que escolherias para passares o resto da tua vida, numa escolha pensada e ponderada.
Sei que não sou eu que, na realidade, existe no teu presente, oficialmente.
Mas é nesta ilusão das possibilidades infinitas que nos acredito. E acredito também que poderíamos ser extraordinários juntos, mais agora do que antes. E sinto-o e sinto-te, quando te aperto a mão com força e quero que saibas que é para sempre, enquanto me afagas o cabelo, o rosto, a barriga... quando te abraço e quero-te proteger mais do que do frio... quando te agarro e te beijo com o mais profundo desejo desta ilusão se tornar real... quando lutamos contra o vento e contra a chuva, eu com o teu casaco feminino, e rimos do ridículo e da loucura, porque, no fim, o que interessa é isso, divertirmo-nos com as nossas (in)consciências.
E hoje, mais do que nunca, sei que foi uma despedida, um maneira suave de me dizeres que, agora, a vida será diferente, que eu não estava certo nem te conhecia assim tão bem... e que vais embora... um eufemismo, talvez...
...ou um possível eterno retorno, espero eu...

terça-feira, outubro 14, 2008

release find your peace my love


Ela levantou-se e olhou pela janela. O sol brilhava levemente, ainda a tentar esconder os seus raios atrás de uma ou outra nuvem. Não queria mais falar de chuva. Não queria mais chuva. Queria aproveitar aqueles raios de sol, mesmo envergonhados, com toda a energia que poderiam transportar.
Os seus olhos, fixos nos telhados circundantes, espelhavam a angústia de não querer sentir mais falta do que quer que seja, a desilusão de acreditar numa coisa que não existe... abanou a cabeça suavemente, expulsando o pensamento do momento. Tinha-se libertado dessas sensações há tanto! Nem queria acreditar na sua ingenuidade...
Fechou as cortinas e deixou-se estar, naquela claridade obscura, como um aquário.
Amanhã será um bom dia... mas hoje não...

quarta-feira, outubro 08, 2008

under the sea is where i'll be...


Suponho que todos nós, de vez em quando, tenhamos de nos fechar na concha da nossa essência, bem lá no fundo, longe de luzes e cheiros, para que consigamos regressar mais atentos, quando conseguirmos abrir esta concha que nos separará da realidade.
Não quero mais falar de chuva. Não quero mais saber se o teu sol brilha ou não, mais ou menos forte. Não quero mais saber se sinto a tua falta ou não. Não quero mais ruído, lágrimas ou riso, ansiedade ou medo.
Não sei se aguento mais um toque teu, mais um beijo teu, mais um abraço teu...
...mais uma tua despedida...