quarta-feira, julho 14, 2010

i´ve been thinking about you, baby, almoust makes me crazy


Naquele espaço quase abandonado, sentaram-se frente a frente, de pernas cruzadas, como em crianças.
O cheiro a maresia inundava os sentidos e o mar revolto arrepiava a pele.
Mantiveram-se em silêncio... e mais silêncio...
A respiração tornou-se mais forte... e mais calma...
Primeiro, os olhos centraram-se no cruzar de pernas. Correram as dobras das calças de ganga, as curvas, o desgaste. Pararam, num momento, nas mãos que, traindo o nervosismo, teimavam em entrelaçar os fios pendentes das calças desgastadas ou, de outra forma, apertavam um ou outro dedo das próprias mãos...
Os olhos detiveram-se no peito, no pescoço... O coração disparou e, depois, quase asfixiou, numa paragem tão longa que parecia que nunca mais iria retomar a sua palpitação normal.
O queixo, a face, os olhos... os fios de cabelos voavam e entrelaçavam-se, tapando o rosto levemente... depois, destapando-o, desvendando-o...
Os olhos cruzaram-se e fixaram-se.
Esboçaram-se sorrisos, revelando uma inocência quase saudável, quase falsa, quase insana, ingénuos no seu real desejo.
Desviaram-se olhares e remeteram-se para o horizonte, bem longe.
No horizonte estavam eles, abraçados, encostados, desafiando as leis da realidade, em abismos de suor e beijos.
Na realidade, alguém tomou a iniciativa e agarrou, devagar, a outra mão...