quinta-feira, setembro 04, 2008

maybe you believe that I am someone else’s man


Sabias que este era o último dia comum a ambos. A partir de hoje, nunca mais nos cruzaríamos por corredores e salas mal iluminadas, entre máquinas de café e cigarros. Respiraste fundo e perguntaste se eu queria ir a um café, fora dali. Entre a surpresa e a curiosidade, aceitei o convite e partimos. As palavras começaram a surgir, umas a seguir às outras, sem pausas, minhas, tuas, nossas... A temperatura aumentou, num momento de aflição mútua.
Como poderia haver tanta atracção? Como não tinha sido desvendada antes, quando nos cruzávamos nos corredores, nas salas, no café, no cigarro?...
Desejei-te... desejei-te tanto, mas tanto... e, quando pensava que era impossível desejar-te mais, enganei-me... desejei-te mais quando me senti desejada por ti...
Os olhares dividiam-se entre olhares e bocas e mãos... e tocaram-se os olhos... e agarraram-se as mãos... e rendemos as bocas aos beijos intensos que se queriam insurgir...
E tudo parou... menos nós...
E quis-te mais por não te poder ter. Não é sempre assim?!
E quis fugir, fugirmos... aproveitar esse momento de curta duração que é quando duas pessoas ardem uma pela outra, com a outra...
E fugi... mas sozinha. Voei para longe, para onde não te pudesse tocar, deixando o desejo consumir-me até a razão se inteirar de mim...
E tu pensaste que eu fugi porque pertencia a outro alguém...
Será que já descobriste que estavas enganado?